terça-feira, agosto 30, 2005
21. Viadagem?
Antes de vir pra India, ouvi muito falar sobre a mania dos indianos de andar de mão dadas e abraçados (dois homens). Desde que cheguei, tenho me esforcado em entender a cultura indiana e esse é um dos aspectos mais intrigantes.
Em todos os lugares, é possível ver amigos abraçados caminhando juntos. Na minha aula, tem um muçulmano que insiste em pegar na minha mão quando fala comigo. De vez em quando, ele me abraça, hehehe. Eu imagino o que os meus amigos tão pensando agora: “ai ai ai, resolveu jogar pro outro time”. Não me interpretem errado, continuo muito macho!! hehehe. Sempre tento me escapar sem ser rude. Acontece que na cultura indiana, os homens costumam demonstrar o afeto pelos amigos, não é viadagem.
No começo é difícil de entender, pois nós ocidentais não estamos acostumados. Muitos estrangeiros fazem comentários do tipo: “é um bando de viado”. Eu conversei com diversos indianos e estrangeiros sobre o assunto para tirar minhas dúvidas e abaixo estão minhas conclusões:
– Assim como em qualquer lugar do mundo, existem gays na Índia.
– É muito fácil identificar se um indiano é gay ou não (na opinião dos indianos). Um colega meu ainda adicionou: “se você encontrar um gay, dá um soco bem forte na cara dele”. Ele falou isso com a maior naturalidade do mundo, hehehe.
– Demonstrações de afeto entre homens não é sinal de viadagem, É CULTURAL.
Acima, uma foto tirada durante o treinamento (para ampliar, é só clicar na foto). Estávamos fazendo um exercício e faltaram cadeiras. Problema? Claro que não, sempre tem o colo de um amigo por perto!
Em todos os lugares, é possível ver amigos abraçados caminhando juntos. Na minha aula, tem um muçulmano que insiste em pegar na minha mão quando fala comigo. De vez em quando, ele me abraça, hehehe. Eu imagino o que os meus amigos tão pensando agora: “ai ai ai, resolveu jogar pro outro time”. Não me interpretem errado, continuo muito macho!! hehehe. Sempre tento me escapar sem ser rude. Acontece que na cultura indiana, os homens costumam demonstrar o afeto pelos amigos, não é viadagem.
No começo é difícil de entender, pois nós ocidentais não estamos acostumados. Muitos estrangeiros fazem comentários do tipo: “é um bando de viado”. Eu conversei com diversos indianos e estrangeiros sobre o assunto para tirar minhas dúvidas e abaixo estão minhas conclusões:
– Assim como em qualquer lugar do mundo, existem gays na Índia.
– É muito fácil identificar se um indiano é gay ou não (na opinião dos indianos). Um colega meu ainda adicionou: “se você encontrar um gay, dá um soco bem forte na cara dele”. Ele falou isso com a maior naturalidade do mundo, hehehe.
– Demonstrações de afeto entre homens não é sinal de viadagem, É CULTURAL.
Acima, uma foto tirada durante o treinamento (para ampliar, é só clicar na foto). Estávamos fazendo um exercício e faltaram cadeiras. Problema? Claro que não, sempre tem o colo de um amigo por perto!
sexta-feira, agosto 26, 2005
20. Apresentacao sobre o Brasil
Nessa terca (23/8), fiz uma apresentação sobre o Brasil aqui na Satyam. Tentei caprichar, afinal sou um embaixador do Brasil aqui na India, certo?! Os indianos, em geral, não tem nem idéia do que é o Brasil. Muitos sabem sobre futebol e até arriscam alguns nomes: Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo, Roberto Carlos e etc, mas fora isso eles são muito perdidos.
A apresentação foi um sucesso, fui muito aplaudido no final. Tinha que ver a cara dos indianos quando passei o slide que fala das mulheres brasileiras, hehehe.
Para ver a apresentação, é só clicar aqui!!
A apresentação foi um sucesso, fui muito aplaudido no final. Tinha que ver a cara dos indianos quando passei o slide que fala das mulheres brasileiras, hehehe.
Para ver a apresentação, é só clicar aqui!!
sexta-feira, agosto 19, 2005
19. A maior indiada (continuação)
Chegando em Mysore, logo encontramos o Giu e o Thiago na rua e eles nos levaram para o hotel. Jantamos em um ótimo restaurante e combinamos o roteiro de domingo: alugar um carro e ir para um parque chamado Mudamalai (93km de Mysore) fazer um safari.
No domingão, acordamos 5:30, repito 5:30AM!! e saímos de carro em direção ao famoso parque. Detalhe: éramos 10 em um jipão da TATA mais ou menos do tamanho de uma Blazer. Tudo certo? Claro que não, depois de viajar 3hs espremidos no jipe, chegamos no parque e estava fechado. Acontece que o parque é do governo e aqui na Índia, assim como no Brasil, não dá pra depender dos serviços do governo.
Resolvemos tentar outro parque: Bandipur. Mais 1h “enlatados” para ir de um parque ao outro e no Bandipur só tinha safari programado para 16hs, mas era apenas 11hs. Decidimos que não valia a pena esperar 5hs pelo safari e resolvemos, depois de muita conversa, visitar uma cachoeira ali perto. Perto só no mapa, porque tivemos que pegar uma estrada super esburacada e demoramos 3hs pra chegar. Esse foi o ponto alto do dia, a cachoeira é realmente linda! Aproveitamos bastante a cachoeira e voltamos pro jipão para mais 3hs de volta a Mysore.
Total: 10hs dentro do carro e 3hs aproveitando, custo-benefício lá embaixo.
Domingo, acordamos cedo e fomos visitar o palácio dos marajás, que é realmente impressionante. Ainda tínhamos muitas coisas pra visitar em Mysore, mas devíamos partir para Hyderabad antes do meio dia. Na volta, escolhemos ônibus melhores e tivemos algum conforto. Chegamos 18hs depois em Hyderabad completando A Maior Indiada.
Ao lado, alguns turistas passeando de elefante em um dos parques. Nao quis fazer o passeio depois que vi como os elefantes sao tratados. Ta vendo a varinha na mao do carinha de bege? Adivinha pra que serve...
No caminho pro parque, paramos em um templo Hindu. Ao lado uma foto de um Brâmane (a casta sacerdotal) que estava dentro do templo. Os Brâmanes usam esse cordao amarrado no corpo como identificacao. Ja que toquei no assunto, retirei de um site o texto abaixo que explica como funciona o sistema de castas:
"Castas é um sistema que perpetua a superioridade racial dos brâmanes e outras castas mais altas sobre a maioria. Fundamental para o hinduísmo, influência toda a estrutura social e religiosa da Índia. A descriminação de casta é proibida pela constituição, mas é socialmente importante para mais de 80% da população. Existe uma estimativa de 6.400 castas. Cada uma funciona na realidade como um grupo separado por causa das altas barreiras sociais que as separam.
Embora a palavra "casta" tenha sido introduzida pelos portugueses por volta do século XV d.C., a principal característica do sistema surgiu no final do período védico. Dois termos - "varna" e "jati" - são antigos termos usados na Índia para definir o sistema de castas, sendo gradativamente substituída por alguns pelo termo casta.
Varna
Literalmente quer dizer "cor". Por volta de 600 a.C., este tinha-se tornado um padrão de classificação da população. A pele clara dos arianos os distinguia dos primeiros habitantes da Índia, que tinham a pele escura. O "varna" é uma divisão social hindu, que divide em quatro categorias a sociedade:
* Brâmanes (brahmins) eram visto como vindos da boca de Brahma;
* Kshatriyas (ou Rajputs como eles são geralmente chamados no noroeste da Índia) como guerreiros, vindo dos braços de Brahma;
* Vaishyas, uma comunidade de comerciantes, vindo das coxas de Brahma;
* Sudras, classificados como agricultores, vindo dos pés de Brahma.Relegados para fora da civilizada sociedade hindu estavam os intocáveis ou pária (fora da casta), que recebiam apenas os serviços que eram considerados impuros ou imundos, geralmente associados com os mortos (homens ou animais) ou com excrementos.
Jati
Muitos brâmanes e Rajputs estão cônscios de seu status dentro do "varna", mas muitos indianos não querem se colocar dentro de uma das quatro categorias do "varna", mas dentro de um grupo "jati". Existem milhares de diferentes grupos jatis em toda Índia. Nenhum destes grupos se considera como igual em status à qualquer outro grupo, mas todos são partes de uma hierarquia local ou regional. Estes não são organizados em qualquer sentido institucional, e tradicionalmente não havia um registro formal do status da casta. Enquanto indivíduos acham impossível mudar de casta ou subir na escala social, grupos algumas vezes tentariam ganhar reconhecimento como mais alta casta pelo adoção de práticas dos Brâmanes (Brahmins) tais como tornar-se vegetariano. Muitos costumavam ser identificados com atividades particulares e ocupações costumavam ser hereditárias. O membro de uma casta é definido simplesmente pelo nascimento. Todavia pode se ser evitado por sua casta, geralmente por desobediência as regras das castas, tal como casamento desfeito. Como não se pode fazer parte de outra casta, tecnicamente esta pessoa se torna um sem casta ou pária. E em muitos lugares, principalmente no interior, isto pode significar que esta pessoa não poderá continuar a trabalhar e a conviver entre eles."
No domingão, acordamos 5:30, repito 5:30AM!! e saímos de carro em direção ao famoso parque. Detalhe: éramos 10 em um jipão da TATA mais ou menos do tamanho de uma Blazer. Tudo certo? Claro que não, depois de viajar 3hs espremidos no jipe, chegamos no parque e estava fechado. Acontece que o parque é do governo e aqui na Índia, assim como no Brasil, não dá pra depender dos serviços do governo.
Resolvemos tentar outro parque: Bandipur. Mais 1h “enlatados” para ir de um parque ao outro e no Bandipur só tinha safari programado para 16hs, mas era apenas 11hs. Decidimos que não valia a pena esperar 5hs pelo safari e resolvemos, depois de muita conversa, visitar uma cachoeira ali perto. Perto só no mapa, porque tivemos que pegar uma estrada super esburacada e demoramos 3hs pra chegar. Esse foi o ponto alto do dia, a cachoeira é realmente linda! Aproveitamos bastante a cachoeira e voltamos pro jipão para mais 3hs de volta a Mysore.
Total: 10hs dentro do carro e 3hs aproveitando, custo-benefício lá embaixo.
Domingo, acordamos cedo e fomos visitar o palácio dos marajás, que é realmente impressionante. Ainda tínhamos muitas coisas pra visitar em Mysore, mas devíamos partir para Hyderabad antes do meio dia. Na volta, escolhemos ônibus melhores e tivemos algum conforto. Chegamos 18hs depois em Hyderabad completando A Maior Indiada.
Ao lado, alguns turistas passeando de elefante em um dos parques. Nao quis fazer o passeio depois que vi como os elefantes sao tratados. Ta vendo a varinha na mao do carinha de bege? Adivinha pra que serve...
No caminho pro parque, paramos em um templo Hindu. Ao lado uma foto de um Brâmane (a casta sacerdotal) que estava dentro do templo. Os Brâmanes usam esse cordao amarrado no corpo como identificacao. Ja que toquei no assunto, retirei de um site o texto abaixo que explica como funciona o sistema de castas:
"Castas é um sistema que perpetua a superioridade racial dos brâmanes e outras castas mais altas sobre a maioria. Fundamental para o hinduísmo, influência toda a estrutura social e religiosa da Índia. A descriminação de casta é proibida pela constituição, mas é socialmente importante para mais de 80% da população. Existe uma estimativa de 6.400 castas. Cada uma funciona na realidade como um grupo separado por causa das altas barreiras sociais que as separam.
Embora a palavra "casta" tenha sido introduzida pelos portugueses por volta do século XV d.C., a principal característica do sistema surgiu no final do período védico. Dois termos - "varna" e "jati" - são antigos termos usados na Índia para definir o sistema de castas, sendo gradativamente substituída por alguns pelo termo casta.
Varna
Literalmente quer dizer "cor". Por volta de 600 a.C., este tinha-se tornado um padrão de classificação da população. A pele clara dos arianos os distinguia dos primeiros habitantes da Índia, que tinham a pele escura. O "varna" é uma divisão social hindu, que divide em quatro categorias a sociedade:
* Brâmanes (brahmins) eram visto como vindos da boca de Brahma;
* Kshatriyas (ou Rajputs como eles são geralmente chamados no noroeste da Índia) como guerreiros, vindo dos braços de Brahma;
* Vaishyas, uma comunidade de comerciantes, vindo das coxas de Brahma;
* Sudras, classificados como agricultores, vindo dos pés de Brahma.Relegados para fora da civilizada sociedade hindu estavam os intocáveis ou pária (fora da casta), que recebiam apenas os serviços que eram considerados impuros ou imundos, geralmente associados com os mortos (homens ou animais) ou com excrementos.
Jati
Muitos brâmanes e Rajputs estão cônscios de seu status dentro do "varna", mas muitos indianos não querem se colocar dentro de uma das quatro categorias do "varna", mas dentro de um grupo "jati". Existem milhares de diferentes grupos jatis em toda Índia. Nenhum destes grupos se considera como igual em status à qualquer outro grupo, mas todos são partes de uma hierarquia local ou regional. Estes não são organizados em qualquer sentido institucional, e tradicionalmente não havia um registro formal do status da casta. Enquanto indivíduos acham impossível mudar de casta ou subir na escala social, grupos algumas vezes tentariam ganhar reconhecimento como mais alta casta pelo adoção de práticas dos Brâmanes (Brahmins) tais como tornar-se vegetariano. Muitos costumavam ser identificados com atividades particulares e ocupações costumavam ser hereditárias. O membro de uma casta é definido simplesmente pelo nascimento. Todavia pode se ser evitado por sua casta, geralmente por desobediência as regras das castas, tal como casamento desfeito. Como não se pode fazer parte de outra casta, tecnicamente esta pessoa se torna um sem casta ou pária. E em muitos lugares, principalmente no interior, isto pode significar que esta pessoa não poderá continuar a trabalhar e a conviver entre eles."
quinta-feira, agosto 18, 2005
18. A maior indiada
Nessa segunda (15/08) os indianos celebraram o dia da independência. Algumas informações: os indianos se tornaram independentes da Inglaterra em 1947, após longa batalha liberada pelo famoso Mahatma Gandhi (Gandhi lutou por um processo de independencia pacifico). O estado de Goa (centro-oeste) era colônia de Portugal e se tornou independente apenas em 1957 (ainda hoje, é possível se comunicar em português com os moradores locais de Goa).
Aproveitei o feriado pra fazer a minha primeira viagem longa. Combinamos de ir pra Mysore encontrar o Giu e o Thiago. O Santiago foi na quinta e eu fui sexta com o resto do bando (éramos 6 de Hyderabad). Mysore é uma cidade turística, 139km distante de Bangalore. Essa cidade é famosa por ser o local onde os Marajás moravam na antigüidade. Quem eram os marajás? Na minha opinião eram uns caras espertos que moravam num palácio com um monte de mulheres, hehehe.
Além do palácio dos marajás (maior atração), a cidade é famosa pelo mercado de incenso e óleos aromáticos. O mercado público de Mysore é conhecido como um dos mais coloridos e perfumados da India. Pra completar, a cidade é rodeada por diversos parques, morada de todos os tipos de animais selvagens: tigres, panteras, elefantes, macacos e etc, onde é possível participar de safaris, caminhadas, andar de elefante, entre outras coisas.
Até agora parece que o feriado foi uma maravilha, mas agora vem a indiada, hehehe. Como era feriado, todos os trens de Hyderabad para Bangalore estavam lotados (é necessário fazer reserva com pelo menos 2 semanas de antecedência). Então sexta-feira de manhã, fomos pra rodoviária tentar desesperadamente conseguir algum ônibus. Na rodoviária, todos os ônibus “oficiais” também estavam lotados, mas isso já era esperado. Acontece que aqui existe um grande mercado privado que oferece todos os tipos de ônibus, desde o super-ultra-luxo-premium até o mega-sucata-plus. Perto da rodovíaria, tem uma rua com dezenas (tavez centenas) de pequenas agências que vendem passagens para esses ônibus privados. Andar nessa rua é engraçado, depois que você fala com uma agência, automaticamente todas as outras ficam sabendo. Eles ficam te chamando insistentemente pra entrar: “Please come! Bangalore, please come!”. Denovo devido ao feriado, foi muito difícil conseguir passagem, pois todos pediam preços exorbitantes. Como sempre, a luta pelo preço é árdua, hehehe.
Quando estávamos desistindo, apareceu uma agência do nada que tinha um ônibus “especial” por um preço acessível. Já entenderam o “especial”, né?! hehehe. Quando perguntávamos pelo ônibus, eles só repetiam isso: “Hi-tech bus! Good bus, special bus!” Não sei o que aquele ônibus tinha de hi-tech, era na verdade uma sucata ambulante que não passa de 60km/h. A viagem de 770km era pra durar 11hs e acabou durando 15hs. Quando o ônibus chegava na velocidade final, o barulho era tão grande que parecia que ia se desmanchar.
Agora a parte mais engraçada. Quando entrei no ônibus, vi um monte de banquinhos amontoados no fundo do corredor e não entendi pra que serviam. Aos poucos, o ônibus começou a lotar, pois parava toda hora (pinga-pinga é luxo perto desse ônibus). Quando acabaram as poltronas, eles começaram a usar os banquinhos pra sentar no corredor. Isso mesmo, 15hs sentado em um banquinho!! Tinha um indiano sentado nessa “primeira classe” exatamente ao meu lado, coitado. No meio da noite, fui me espreguiçar e meti o pé na cara de um indiano que tava deitado no corredor. Desagradável, hehehe. As estradas são muito ruins, só pra vocês terem uma idéia, os ônibus carregam vários pneus de reserva amarrados no topo do ônibus. Na viagem entre Hyderabad e Bangalore só furou um (1h trocando pneu), mas o Santiago viajou pra Hampi em outro fimde e foram 6 pneus furados durante a viagem.
O melhor guia pra viajar pela Índia (Lonely Planet), avisa logo na introdução:
“bus journeys on pothole-riddled roads can zap your energy in a flash, and even the most experienced travellers find their tempers frayed at some point”
Depois de chegar em Bangalore, tínhamos que pegar mais um ônibus para Mysore (139km). Pegamos o primeiro que apareceu e só depois descobrimos que existem os chamados “Super-Deluxe” com Ar-Condicionado e poltronas reclináveis. Mais 4 horas em um ônibus pior que os Carris que circulavam em Porto Alegre a 10 anos atrás.
Finalmente chegamos em Mysore 21hs depois!! Ao lado, pessoal reunido em um restaurante pra comemorar.
Acham que termina aqui? Tem muito mais! Conto o resto no próximo post...
Aproveitei o feriado pra fazer a minha primeira viagem longa. Combinamos de ir pra Mysore encontrar o Giu e o Thiago. O Santiago foi na quinta e eu fui sexta com o resto do bando (éramos 6 de Hyderabad). Mysore é uma cidade turística, 139km distante de Bangalore. Essa cidade é famosa por ser o local onde os Marajás moravam na antigüidade. Quem eram os marajás? Na minha opinião eram uns caras espertos que moravam num palácio com um monte de mulheres, hehehe.
Além do palácio dos marajás (maior atração), a cidade é famosa pelo mercado de incenso e óleos aromáticos. O mercado público de Mysore é conhecido como um dos mais coloridos e perfumados da India. Pra completar, a cidade é rodeada por diversos parques, morada de todos os tipos de animais selvagens: tigres, panteras, elefantes, macacos e etc, onde é possível participar de safaris, caminhadas, andar de elefante, entre outras coisas.
Até agora parece que o feriado foi uma maravilha, mas agora vem a indiada, hehehe. Como era feriado, todos os trens de Hyderabad para Bangalore estavam lotados (é necessário fazer reserva com pelo menos 2 semanas de antecedência). Então sexta-feira de manhã, fomos pra rodoviária tentar desesperadamente conseguir algum ônibus. Na rodoviária, todos os ônibus “oficiais” também estavam lotados, mas isso já era esperado. Acontece que aqui existe um grande mercado privado que oferece todos os tipos de ônibus, desde o super-ultra-luxo-premium até o mega-sucata-plus. Perto da rodovíaria, tem uma rua com dezenas (tavez centenas) de pequenas agências que vendem passagens para esses ônibus privados. Andar nessa rua é engraçado, depois que você fala com uma agência, automaticamente todas as outras ficam sabendo. Eles ficam te chamando insistentemente pra entrar: “Please come! Bangalore, please come!”. Denovo devido ao feriado, foi muito difícil conseguir passagem, pois todos pediam preços exorbitantes. Como sempre, a luta pelo preço é árdua, hehehe.
Quando estávamos desistindo, apareceu uma agência do nada que tinha um ônibus “especial” por um preço acessível. Já entenderam o “especial”, né?! hehehe. Quando perguntávamos pelo ônibus, eles só repetiam isso: “Hi-tech bus! Good bus, special bus!” Não sei o que aquele ônibus tinha de hi-tech, era na verdade uma sucata ambulante que não passa de 60km/h. A viagem de 770km era pra durar 11hs e acabou durando 15hs. Quando o ônibus chegava na velocidade final, o barulho era tão grande que parecia que ia se desmanchar.
Agora a parte mais engraçada. Quando entrei no ônibus, vi um monte de banquinhos amontoados no fundo do corredor e não entendi pra que serviam. Aos poucos, o ônibus começou a lotar, pois parava toda hora (pinga-pinga é luxo perto desse ônibus). Quando acabaram as poltronas, eles começaram a usar os banquinhos pra sentar no corredor. Isso mesmo, 15hs sentado em um banquinho!! Tinha um indiano sentado nessa “primeira classe” exatamente ao meu lado, coitado. No meio da noite, fui me espreguiçar e meti o pé na cara de um indiano que tava deitado no corredor. Desagradável, hehehe. As estradas são muito ruins, só pra vocês terem uma idéia, os ônibus carregam vários pneus de reserva amarrados no topo do ônibus. Na viagem entre Hyderabad e Bangalore só furou um (1h trocando pneu), mas o Santiago viajou pra Hampi em outro fimde e foram 6 pneus furados durante a viagem.
O melhor guia pra viajar pela Índia (Lonely Planet), avisa logo na introdução:
“bus journeys on pothole-riddled roads can zap your energy in a flash, and even the most experienced travellers find their tempers frayed at some point”
Depois de chegar em Bangalore, tínhamos que pegar mais um ônibus para Mysore (139km). Pegamos o primeiro que apareceu e só depois descobrimos que existem os chamados “Super-Deluxe” com Ar-Condicionado e poltronas reclináveis. Mais 4 horas em um ônibus pior que os Carris que circulavam em Porto Alegre a 10 anos atrás.
Finalmente chegamos em Mysore 21hs depois!! Ao lado, pessoal reunido em um restaurante pra comemorar.
Acham que termina aqui? Tem muito mais! Conto o resto no próximo post...
terça-feira, agosto 16, 2005
17. Segurança no trânsito
Os motoqueiros andam sem capacete e é comum ver 3 homens andando juntos na mesma moto. Coladinhos, hehehe. Mas a cena da foto acima é algo surreal, simplesmente uma família inteira andando de moto!
quinta-feira, agosto 11, 2005
16. Acabou a moleza
Terça (9/8) começou o treinamento técnico, que vai durar 4 semanas. A aula começa 6:45AM e vai até 2PM. No primeiro, dia cheguei pontualmente 6:40AM, mas o palestrante apareceu só 7:30AM. Aos poucos, vou me acostumando ao “horário indiano”. Depois de falar 30min, o palestrante disse que a gente podia tomar café da manhã e voltar pra aula 8:30. Total desperdício de tempo e sono!
A aula foi interessante até, mas o indiano que tava do meu lado fedia tanto que eu não agüentava mais ficar na sala. Eles não são muito chegados num desodorante, não sei por que, talvez seja contra a religiao.
A aula foi interessante até, mas o indiano que tava do meu lado fedia tanto que eu não agüentava mais ficar na sala. Eles não são muito chegados num desodorante, não sei por que, talvez seja contra a religiao.
quarta-feira, agosto 10, 2005
15. Burocracia e lentidão
Estou a duas semanas na Índia e ainda não comecei a trabalhar. Por enquanto, estou participando de um programa chamado “indução”, que visa integrar os trainees à estrutura e aos valores da Satyam. Estamos assistindo várias apresentações, o que podemos chamar de “lavagem cerebral”, nas quais somos induzidos a pensar e agir como um “Satyamite” (pessoa que trabalha na Satyam).
Além disso, estamos passando por uma maratona burocrática sem tamanho. Temos que nos registrar em 3 lugares: no governo (para pagar impostos), na polícia (como residentes, por ficar na Índia mais de 6 meses) e na Satyam (como funcionários). Cada registro envolve preenchimento de vários formulários. Só pra ter uma idéia, já tirei 8 cópias do passaporte e 12 fotos. O meu nome já devo ter escrito umas 50 vezes!
Agora sobre a lentidão dos indianos. Como é muita gente, muita mesmo, então eles empregam gente pra qualquer coisa. Um serviço que poderia ser feito por uma pessoa, acaba sendo feito por umas dez. Mas isso não quer dizer que eles não são trabalhadores, muito pelo contrário. No STC por exemplo, existem vários prédios sendo construídos. Qualquer hora do dia, noite ou madrugada eles estão trabalhando. Mas é uma lentidão só, pois o trabalho é na maioria das vezes manual. Ontem tava passando na frente da obra e os trabalhadores estavam nivelando o solo. Eram uns 20 indianos com umas pás estranhas cavocando o chão. Com um escavadeira, um homem poderia fazer aquele serviço em meia hora, hehehe. Parece que eles levam a sério aqui o ditado “devagar e sempre”!
Na foto ao lado existem dois indianos trabalhando, alguns olhando e outro sentado no muro sem fazer nada, exemplo perfeito do estilo indiano de trabalhar, hehehe (para amplicar, eh so clicar na foto)
Estava caminhando em uma rua em obras e fiquei espantado com os trabalhadores carregando pedras e areia manualmente em um calor de 35 graus. Uma maquina faria o mesmo trabalho em meia hora!
Foto da mesma obra acima com um trabalhador carregando uma pedra na cabeca.
Hoje, no intervalo da aula, estava conversando com uns indianos ao lado de um predio em construcao no STC. Tinha uma mulher cavando um buraco e uns 10 homens em volta olhando. Isso mesmo, bando de vagabundo! Perguntei pro indiano porque os homens ficavam so olhando a coitada da mulher se matando pra abrir o buraco e ele respondeu: "It's OK". Desisti de tentar entender.
Além disso, estamos passando por uma maratona burocrática sem tamanho. Temos que nos registrar em 3 lugares: no governo (para pagar impostos), na polícia (como residentes, por ficar na Índia mais de 6 meses) e na Satyam (como funcionários). Cada registro envolve preenchimento de vários formulários. Só pra ter uma idéia, já tirei 8 cópias do passaporte e 12 fotos. O meu nome já devo ter escrito umas 50 vezes!
Agora sobre a lentidão dos indianos. Como é muita gente, muita mesmo, então eles empregam gente pra qualquer coisa. Um serviço que poderia ser feito por uma pessoa, acaba sendo feito por umas dez. Mas isso não quer dizer que eles não são trabalhadores, muito pelo contrário. No STC por exemplo, existem vários prédios sendo construídos. Qualquer hora do dia, noite ou madrugada eles estão trabalhando. Mas é uma lentidão só, pois o trabalho é na maioria das vezes manual. Ontem tava passando na frente da obra e os trabalhadores estavam nivelando o solo. Eram uns 20 indianos com umas pás estranhas cavocando o chão. Com um escavadeira, um homem poderia fazer aquele serviço em meia hora, hehehe. Parece que eles levam a sério aqui o ditado “devagar e sempre”!
Na foto ao lado existem dois indianos trabalhando, alguns olhando e outro sentado no muro sem fazer nada, exemplo perfeito do estilo indiano de trabalhar, hehehe (para amplicar, eh so clicar na foto)
Estava caminhando em uma rua em obras e fiquei espantado com os trabalhadores carregando pedras e areia manualmente em um calor de 35 graus. Uma maquina faria o mesmo trabalho em meia hora!
Foto da mesma obra acima com um trabalhador carregando uma pedra na cabeca.
Hoje, no intervalo da aula, estava conversando com uns indianos ao lado de um predio em construcao no STC. Tinha uma mulher cavando um buraco e uns 10 homens em volta olhando. Isso mesmo, bando de vagabundo! Perguntei pro indiano porque os homens ficavam so olhando a coitada da mulher se matando pra abrir o buraco e ele respondeu: "It's OK". Desisti de tentar entender.
terça-feira, agosto 09, 2005
14. Porque ainda não inventaram a vassoura aqui?
Aqui na Índia as pessoas varrem o chão usando esse monte de gravetos amarrados na ponta. É necessário ficar em uma posição super desconfortável pra varrer, não consigo entender por que eles não usam vassoura. Além disso, eles juntam a sujeira com as mãos. O trabalho de uma pessoa acaba sendo feito por 10 desse jeito primitivo.
Ao lado, uma mulher varrendo a grama no STC com a "vassoura indiana".
Na foto ao lado, o indiano da esquerda é o varredor de rua e o da direita é um policial. Detalhe: estávamos parados na rua e o policial veio nos pedir para tirar foto com ele. Celebridade! hehehe
Ao lado, uma mulher varrendo a grama no STC com a "vassoura indiana".
Na foto ao lado, o indiano da esquerda é o varredor de rua e o da direita é um policial. Detalhe: estávamos parados na rua e o policial veio nos pedir para tirar foto com ele. Celebridade! hehehe
quarta-feira, agosto 03, 2005
13. Mais fotos do fim-de semana
Fomos visitar o monumento principal de Hyderabad, chamado Charminar. Assim como o Cristo Redendor é o símbolo do Rio, o Charminar é o de Hyderabad. Nessa área da cidade a predominância é de muçulmanos (95%) e é comum ver as mulheres vestidas de burca, como na foto ao lado (parece uma roupa de ninja, hehehe).
Foto da galera em cima do Charminar.
Vista de cima do Charminar, dá pra ter uma visão geral do trânsito, um palácio a esquerda e várias lojinhas no canto inferior esquerdo.
Essa zona da cidade é famosa pelo comércio. Minhas irmãs e minha mãe poderiam ficar uma semana caminhando pelas ruas de tanta bugiganga. Negociar o preço de qualquer coisa é um desafio.
Loja de roupas femininas. Reparem na cara da criancinha, hehehe.
Vista de cima do Charminar de uma das maiores mesquitas do sul da Índia, chamada Mecca Masjid.
Vista detalhada da mesquita.
Galera meditando dentro da mesquita. Estamos exatamente dentro do local mostrado na foto acima.
Vaca comendo lixo na rua.
Vendedor de "especiarias". É normal eles trabalharem sentados no chão.
Fotinho na frente da mesquita. Detalhe: a criançada não desgruda.
Sábado denoite, festinha pra comemorar o aniversário de uma das trainees.
12. Encontrando a galera na Índia
No fim-de-semana passado (30/07/05), o Giu e o Thiago vieram nos visitar aqui em Hyderabad. Fizeram a facanha de pegar um trem e viajar 12hs empuleirados pra passar apenas o fimde aqui, uma legítima indiada. Mas foi por um bom motivo!
Para quem não conhece, o Giuliano e o Thiago já estão na Índia desde fevereiro trabalhando em uma empresa concorrente da Satyam, chamada TCS (líder em TI na Índia). Eu, Santiago, Giuliano e Thiago entramos juntos na faculdade em 1999 e nos tornamos grandes amigos em Porto Alegre durante o curso.
Qual a probabilidade de quatro grandes amigos se encontrarem do outro lado do mundo? Quem imaginaria isso em 99? O Giu ainda brincou: “bem que eu falei no início da faculdade gurizada... daqui a 6 anos nos encontramos na Índia!” hehehe.
Nos divertimos muito, fazia tempo que não dava tanta risada. Nada melhor que um amigo por perto, ainda mais aqui onde quase sempre dá pra encontrar um lado engraçado nas coisas. Como exemplo, depois do almoço ficamos reparando os policiais de trânsito na frente de um shopping (fomos comer comida ocidental na Pizza Hut). Já tinha ouvido falar que os policiais usam uma “vara” pra aplicar corretivos, mas essa foi a primeira vez que vi acontecendo. Vários motoristas de rickshaw (taxi pequeninho de 3 rodas) insistiam em estacionar em lugar proibido na frente do shopping. Cada vez que isso acontecia, o policial ia lá e mandava sair, mas claro que o indiano se fazia de louco e ficava ensebando. Aí o policial comecava a dar paulada no taxi!! heheheh, muito engracado. Mesmo assim, alguns indianos não moviam o taxi, esperando que algum cliente aparecesse. Aí o policial começava a empurrar o rickshaw e dele paulada!! hehehehe, só aqui pra ver uma cena dessas.
Fotinho dos policiais de trânsito com "o pau na mão". Dá pra ver a placa na esquerda dizendo que é proibida a entrada de rickshaws (no-entry fo autos).
Falando em cenas chocantes, depois de uma semana já estou ficando mais acostumado. Aqui a gente vê tanta coisa estranha acontecendo, que isso acaba virando rotina. Ontem (02/08/05), tava indo pro trabalho e passamos por uns homens andando de camelo. O bicho é gigante e anda calmemente mas, como tem pernas enormes, até que é rápido.
Mas pra não contrariar, alguma coisa tinha que dar errado pra completar a indiada. Estávamos voltando pra casa em dois rickshaws e paramos pra comprar cerveja na wine store (lugar que vende bebida alcoólica). Houve uma grande confusão e o meu rickshaw foi embora com minha mala. Eu e o Giu fomos tentar procurar o motorista pela cidade, mas desistimos quando nos falaram que existem 60.000 rickshaws em Hyderabad. Eles estão por todos os lugares! Enquanto isso, o Thiago e o Zamin foram na polícia registrar ocorrência. O que esperar da polícia indiana? Claro que eles têm um sistema, onde é digitada a placa do rickshaw (o santiago lembrava a placa) e aparece instantaneamente os dados do veículo (tipo esse do Detran-RS). Só em sonho pra isso ser verdade, hehehe. Pra se ter uma idéia da organizacão da polícia, eles pediram que os guris preenchessem um formulário e entregaram uma folha em branco. Isso mesmo, uma folha de ofício em branco era o formulário!! heheheh.