quarta-feira, fevereiro 15, 2006

 

44. Análise sobre os indianos


O indiano não é muito chegado em limpeza. Sabe aquele catarro que se puxa do dedão do pé? Os indianos costumam fazer isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.

O indiano é acostumado com incertezas. Como consequência, pontualidade não é o forte deles. Uma coisa engraçada é que na Índia a palavra amanhã não significa "no dia seguinte", mas sim "qualquer dia menos hoje".

O indiano é egocêntrico. Agora alguém deve estar pensando: "Bá, mas os indianos não podem ser mais egocêntricos que os argentinos". Pior que são! Só pra ilustrar, vamos fazer uma comparação: o argentino é o porteiro de prédio que se acha dono do prédio. O indiano é o porteiro de prédio que se acha dono do bairro. Em alguns, casos dono da cidade. Em casos extremos, pensa que é presidente do país! Hehehe

Indiano adora ser reconhecido, recer prêmios, ser elogiado. Isso está ligado à última característica, pois ser reconhecido é uma forma de massagear o ego.

O indiano é curioso. Eta bicho curioso! É só acontecer alguma coisa na rua, que junta aquela multidão pra "olhar". Os estrangeiros sofrem um pouco com a cuiosidade dos indianos. Onde quer que a gente esteja, sempre vem um indiano perguntar: "De onde você é?" "O que você faz?". E a coisa mais estranha que eles perguntam é: "Quanto você ganha por mês?". Eles perguntam o teu salário como se fosse a coisa mais natural do mundo.

O indiano é vaidoso, principalmente com relação ao cabelo.

O indiano é religioso. Isso é incontestável. Não tem como deixar de se impressionar com uma religião de milhares (alguns dizem que são milhões!) de deuses, que fazem peregrinações imensas, que constroem templos religiosos gigantescos, entre outras coisas.

Indiano é mestre em "enfeitar" o que não vale nada e fazer parecer a melhor coisa do mundo.

Indianos adoram burocracia. Quanto mais melhor. Só pra ter uma idéia, no aeroporto, a passagem é checada umas 10 vezes até pegar o vôo. Primeiro, eles pedem a passagem duas vezes pra entrar no aeroporto (na Índia só entra no aeroporto quem vai viajar). Segundo, eles pedem a passagem no check-in. Terceiro, tem que passar as malas no raio-X e pra isso eles pedem a passagem pra carimbar. Quarto, eles pedem a passagem denovo pra entrar na "área restrita". Quinto, se quiser comer alguma coisa tem que mostrar a passagem na saída e entrada da área restrita. Sexto, tem que mostrar a passagem pra fazer o "security check" que é uma revista parecida com aquelas em entrada de estádio de futebol. Sétimo, mostrar a passagem no portão de entrada pro vôo. Oitavo, mostrar a passagem antes de entrar no avião. Ufa! É assim que eles dão emprego pra milhares de indianos.

O indiano é acomodado. Não estou dizendo que eles são preguiçosos comos os baianos. Estou dizendo que o indiano segue o modelo "Se tá bom assim, pra que mudar?"

Antes que alguém me condene pelo que está escrito acima, quero dizer que esta é a minha visão do povo indiano após 7 meses na Índia, que por sua vez pode ser limitada por vários fatores, e portanto, não pode ser considerada como verdade absoluta.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

 

43. Foto do dia

O Tariq tirou essa foto com o celular novo dele sem chamar a nossa atenção. Pra quem não acredita que eu comecei a trabalhar, essa é uma prova concreta. Olha a minha cara de atenção ouvindo o Zamin!

Fui alocado em um projeto junto com outros trainees. Ao total, somos 8 trabalhando nesse projeto, sendo que 5 são trainees. O cliente é de Londres e se chama DTC, empresa controlada pelo grupo De Beers, o maior produtor de diamantes do mundo. Soa bem, não?!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

 

42. Recebendo bencão de um elefante sagrado

Tem coisas que só se faz na Índia, como por exemplo receber bencão de um elefante sagrado! Para ver o vídeo, é só clicar aqui.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

 

41. Seis meses na Índia

No final de janeiro, eu completei 6 meses na Índia junto com o pessoal do meu "batch" (grupo de pessoas que chegam juntas). Nos reunimos em um restaurante pra comemorar esse feito notável, afinal somos todos, pelo menos, muito corajosos (em uma linguagem mais tosca: culhudos!) pra se aventurar na Índia (esse país longínquo “virado de cabeça pra baixo”) durante todo esse tempo.

Claro que demos muita risada lembrando de todas as viagens que fizemos juntos e de todas as experiências bizonhas que enfrentamos. Também aproveitamos pra trocar idéias sobre os 6 meses restantes (quando cada um pretende ir embora, quais os lugares que planejamos visitar antes de partir e etc.).

Uma coisa que vale refletir é a quantidade de viagens que eu tenho feito aqui. Praticamente todo final de semana tem alguma viagem planejada por alguém para algum lugar. Isso me fez pensar sobre como eu viajava pouco no Brasil. Mas quando eu falo viajar, não estou me referindo a pegar a FreeWay e ir pra Santa Terezinha. Estou me referindo a viajar com “V” maiúsculo. Estou falando em realmente conhecer cada canto do Brasil.

O meu conceito de viajar mudou completamente aqui na Índia. A coisa mais normal aqui é pegar um trem com duração de 12hs na sexta pra voltar no domingo. Algumas vezes, cheguei a viajar quase 40hs (ida e volta) em um fim-de-semana. Eu não sei de onde surgiu o termo “indiada”, mas talvez tenha sido desse tipo de viagem que as pessoas só fazem na Índia. Mas por que viajamos tão pouco no Brasil e tanto na Índia?

Isso se deve a vários fatores:
Abaixo, um mapa dos lugares que eu já visitei na Índia (em vermelho) e os lugares que eu pretendo visitar em 2006 (em azul):



Depois de escrever o texto acima e desenhar o mapa, comecei a pensar sobre essa minha vontade de viajar, de conhecer novos lugares, novas pessoas. Comecei a refletir se isso é normal ou seria algo "doentio".

Imagine uma pessoa que nasceu em uma cidade X e viveu a vida toda nesta mesma cidade. Estudou, trabalhou, casou e teve filhos. Virou avô, se aposentou e morreu, tudo na cidade X. Se alguém perguntasse pra essa pessoa "Você nunca teve vontade de conhecer lugares novos, se aventurar pelo mundo?" ela responderia "Não tenho vontade de sair daqui, eu amo a cidade X". Será que há algo de errado com essa pessoa? Claro que não! Mas então será que há algo de errado comigo? Ou será que a Índia tá me deixando tão louco que eu comecei a escrever bobagem?

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