segunda-feira, outubro 24, 2005

 

28. Resumo após 3 meses na Índia

Hoje (24/10) completei 3 meses na Índia e tá na hora de fazer um resumão sobre a minha experiência. Desde que saí do Brasil, a minha rotina mudou completamente. Abaixo, vou tentar descrever em tópicos essas mudanças:

Comida

Nao como carne de gado desde que cheguei na India. Que saudade do churrasco do pai! Na Índia, quem faz questão de comer carne pode encontrar facilmente galinha. Carne de ovelha e carneiro também são comuns. A maioria dos restaurantes têm o cardápio dividido em "veg" e "non-veg". Normalmente os pratos "non-veg" são mais caros. Como não gosto de galinha e a grana é curta, acabo sempre optando pelo "veg". Resultado: estou virando vegetariano!

Não gosto muito de comida indiana - é muito apimentada - mas estou me acostumando aos poucos. Descobrimos um restaurante chinês perto de casa, que é bom e barato. Normalmente, o almoço é na Satyam e a janta é no chinês. Cerveja, só bebo de vez em quando.

O Tariq (cara de Dubai que mora comigo) é muçulmano. Neste periodo do ano, os muçulmanos celebram o Ramadan ou "mês sagrado". Na verdade, este nao é apenas um periodo de celebração, mas também de jejum e oração. Durante um mês, os muçulmanos jejuam do nascer ao por do sol, o que eles chamam de "fasting". Semana passada, eu resolvi fazer o fasting, só pra ver como eles se sentem. Então, durante dois dias, acordei 5:30AM pra tomar água e, desde então, não comi nem bebi nada (nem água!). Na hora do almoço, bateu uma fome, mas logo passou. Lá pelas 5 da tarde eu tava morrendo de fome denovo, mas só podia comer às 6:15PM. O engraçado é que se você se distrai, a fome vai embora. O difícil é passar na frente de um restaurante e sentir aquele cheirinho de comida, isso mata. Quando chegou a hora, comi feito um urso até passar mal, hehehe.

Esporte

Comparando com o Brasil, estou completamente sedentário aqui na Índia. Aqui não dá pra correr na rua (perigo e poluição) e os parques são raros. Natação nem pensar.

A minha salvação é que vou começar a fazer Yoga. Fiz uma aula semana passada e gostei bastante. O único problema é o horário: 7 da manhã. O lugar é perto da minha casa, uns 25min caminhando. Tô pensando em comprar uma bicicleta e aproveitar que o trânsito é calmo de manhã cedo.

Transporte

Saudade do meu carro! Antes de vir pra Índia, eu sempre reclamava do trânsito em Porto Alegre. Agora me dei conta que reclamava de barriga cheia. Aqui o trânsito é um caos total e o barulho das buzinas é muito irritante. Normalmente uso rickshaw pra me locomover (pra quem não conhece, rickshaw é um mini-taxi de 3 rodas). Seguidamente, colocamos mais de 3 no rickshaw, sendo que um precisa dividir o banco com o motorista (praticamente agarrado a ele). Quando voltar pro Brasil vou achar um paraíso andar de carro no Brasil.

Moradia

Divido o apartamento com mais 6 trainees, de diferentes nacionalidades. Nem preciso dizer que o apê é uma bagunça generalizada. De vez em quando, a gente até tenta dar uma ajeitada, mas logo degringola denovo. Semana passada, terminaram os guarda-roupas, o que era pra melhorar a situação, mas as roupas continuam espalhadas pelos quartos. A sujeira nem se fala, esses dias dei uma "varrida indiana" e saiu um monte de sujeira.

Trabalho

Fazem duas semanas que terminou o treinamento, mas trabalho que é bom nada. Acontece que meu chefe estava viajando e ele é responsável por nos alocar em algum projeto. Ontem o chefe chegou, mas agora quem vai viajar sou eu! hehehe. Estou indo pro norte da Índia por 12 dias aproveitar o feriadão (natal dos indianos). Entre outras coisas, vou andar de camelo no deserto por dois dias e visitar o Taj Mahal (templo do amor e uma das maiores maravilhas do mundo!).

quinta-feira, outubro 20, 2005

 

27. Almoço na Satyam

A foto ao lado é da galera no horário do almoço (clicar em cima pra ampliar). Todos são trainees que trabalham no meu prédio aqui na Satyam.

O rango na Satyam normalmente eh arroz ou massa com roti (tipo um pão arabe). Pra quem faz questão de comer carne, tem galinha ou carne de ovelha, mas nao gosto muito e acabo não comendo. O preço é subsidiado, bem baratinho (normalmente gasto em torno de R$ 2 no almoço).

terça-feira, outubro 11, 2005

 

26. Viagem de ônibus na Índia

Fui pra praia nesse final de semana, enconcontrar um pessoal de Bangalore e Mumbai. Ao total, éramos 7 brasileiros: 3 paulistas (Chines, Furmiga e Renato), 1 carioca (Bruno) e 2,5 gauchos (eu, Thiago e Giuliano - o Giu é meio gaúcho, meio catarinense) . Além da brasileirada, estavam lá: peruana (Ester), queniana (mina do Paulo, hehehe), italiano (Bruno), indiana/holandesa (Irene ou coisa parecida), holandes, polonês, enfim, uma galera que gosta de praia.

A praia, chamada Palolem, fica no estado de Goa, que foi colônia portuguesa até 1957. Hoje, é muito difícil encontrar alguém falando português por lá, mas ainda resta muita coisa da época colonial. Muito engraçado, em plena Índia, passar por um restaurante chamado: "Manuel, bar e restaurante" hehehe.

Mas quem disse que é fácil pegar uma praia na Índia?! Viajamos 17hs de ônibus até a capital de Goa e depois mais 2hs em uns ônibus locais pra chegar em Palolem. Isso mesmo, mais de 19hs pra chegar na praia! Concordo com o Giuliano, que disse o seguinte: "só na Índia aprendi o que significa viajar". O pior é que isso tudo foi pra passar só um fim-de-semana na praia, ou seja, domingo foram mais 19hs pra voltar.

É a terceira viagem que faço de ônibus na Índia e já estou pegando a prática. Aqui, é sempre melhor viajar de trem, mas as vezes não temos escolha e o jeito é pegar um busão mesmo.

Diferenças entre uma viagem de ônibus no Brasil e na Índia:

1 - O ônibus sempre atrasa, pelo menos 30min. Atraso de 1 hora é mais do que normal. Na última viagem, ainda perguntei pro carinha na agência: "o ônibus sai 16hs pontualmente?" o cara me respondeu: "16hs pontualmente, apresentem-se às 15:30 no local de embarque". Dito e feito, 15:30 estávamos lá, mas o ônibus saiu só 17hs.

2 - Se você estiver sozinho no banco, vai ter um indiano fedendo do seu lado. Ainda por cima, vai ficar puxando conversa: "de onde você é? está gostando da Índia?"

3 - Sempre vai ter um bando de indianos conversando alto e uma criançada fazendo bagunça.

4 - O motorista é lunático, não tem mínimo medo da morte. Dirige em estradas precárias a toda velocidade e "joga" o ônibus nas curvas (dá uma buzinada antes pra "avisar", hehehe). De vez em quando, dá de cara com alguém no sentido oposto e atola o pé no freio. O negócio é confiar em Deus e nem olhar pra frente.

5 - O motorista tem dupla personalidade: fora do ônibus, ele é apenas um indiano mal encarado, mas quando ele senta no volante, vira um piloto de F1. Descobri que existem dois tipos de ônibus na Índia: os indianos, que não andam nada e os Volvo A/C (dobro do preço) que são importados e simplesmente voam. De Bangalore a Hyderabad, os indianos demoram 11hs e os importados 8hs30min. Claro que só ando de Volvo agora, hehehe. A foto ao lado é do busão Volvo importado que fomos pra Goa.

6 - Sempre colocam um filme indiano, com o volume no máximo. Além de não entender nada, tem que aguentar o barulho ensurdecedor até altas horas.

7 - Se o ônibus tiver ar-condicionado, vai estar regulado para a temperatura "pólo norte". Acho que frio na Índia é símbolo de status, eles adoram passar frio.

8 - Todos os ônibus são pinga-pinga. Param toda hora, seja pra pegar alguém, seja pra comer.

terça-feira, outubro 04, 2005

 

25. Hampi, a cidade sagrada

Esse fimde, fui visitar uma cidade turística chamada Hampi. Resumidamente, essa cidade foi muito importante cerca de 500 anos atrás, mas agora não passa de um monte de ruinas espalhadas.

Lembram das aulas de história, quando nos falavam da época do descobrimento do Brasil? Lembram que naquela época os portugueses eram ótimos navegadores e costumavam ir até a Índia fazer comercio, trazendo "especiarias" pra burguesia européia? Pois é, eles costumavam ir pra Hampi, trocar cavalos por ouro, tecidos, entre outras coisas. Hampi foi uma das cidades mais ricas do mundo (só perdia pra Roma). Naquele tempo, cerca de 500.000 pessoas viviam por lá (o que hoje não é muito, mas 500 anos atrás era uma galera!).

Por volta de 1550, houve uma grande guerra entre os Hindus e Muçulmanos e a cidade foi destruída (dizem que era tão grande que ficou 40 dias queimando). Desde então, a região ficou abandonada e agora é um dos principais centros turísticos da Índia. Mais informações sobre Hampi nesse site. Bom, chega de história e vamos ao que interessa!

Sexta final de tarde, pegamos um trem com destino a Hospet (cidade mais próxima de Hampi). A viagem durou 11hs, mas passou voando; dormi o tempo todo. Chegamos em Hospet sábado cedinho e, após negociar o preço com os motoristas de rickshaw por "horas" (os motoristas sempre tentam explorar os turistas estrangeiros), rumamos pra Hampi. Já no caminho, deu pra notar a mudança na paisagem: muitas montanhas, pedras e ruinas.

Como a região é enorme e só tínhamos dois dias, resolvemos visitar apenas os lugares mais famosos. No primeiro dia, contratamos um guia e um motorista e eles nos levaram pra cima e pra baixo mostrando templos e palácios (ou o que sobraram deles) e contando a história de cada lugar. Achei muito legal passear no meio das ruinas, dá a impressão que você está em outro mundo, começa a imaginar como era a vida das pessoas naquela época, uma viagem.

Algumas ruinas estão em ótimo estado de conservação, com vários detalhes esculpidos em pedra. Em um templo chamado Vitala, os pilares foram construidos de tal forma que produzem sons característicos. Perto do palácio do rei, tem um lugar que era usado pela rainha para descansar; ali, existe um "ar-condicionado" natural formado, pelo que eu entendi, por uma tubulação que distribui água em umas galerias internas (essa foi pra Ale e o pai ficarem imaginando os engenheiros da época, hehehe).

Denoite, fomos em um restaurante chamado Mango Tree, muito recomendado por todos. O lugar é, como diria o Marco: irado! O restaurente fica na beira de um lago, embaixo de um enorme pé de manga. Para chegar lá, é preciso passar no meio de uma plantacao de bananas. As mesas são bem baixinhas e senta-se no chão em umas esteiras. Ao anoitecer, eles acendem lampiões, dando um ar ainda mais especial. Ficamos horas descansando e comendo; que maravilha! Detalhe: por ser considerada uma cidade sagrada, não é permitido vender carne e bebidas alcólicas em Hampi. Os restaurantes são todos vegetarianos.

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