segunda-feira, julho 25, 2005

 

5. Primeiros dias na India


Finalmente cheguei!

Finalmente cheguei na Índia domingo (24/7) de madrugada. O vôo de Londres ate Mumbai foi tranquilo, tirando uma criança de uns 5 anos que ficou chorando e pisando no meu pé o tempo inteiro. Em Mumbai passei pela imigracão e peguei um voo doméstico para Hyderabad (se pronuncia “raiderabad”). O processo de imigração foi o primeiro momento que notei o ritmo dos indianos. O oficial da alfândega parecia não ter nenhuma pressa, apesar da fila enorme. Olhou para o passaporte e pra minha cara várias vezes. Depois digitou alguma coisa em um computador ultra antigo e carimbou meu passaporte (não fez nenhuma pergunta!). Mas o que mais impressionou em Mumbai foram os “security checks”. Eles parecem ser totalmente paranóicos com seguranca, pois nem nos EUA (voltando do Canadá) eu fui tão revistado. Depois de passar pela segurança e trocar de terminal (tive que pegar um onibus pra trocar de terminal), peguei o voo para Hyderabad com uma empresa local chamada Jet Airwais. O atendimento foi muito bom, mas a comida é estranha, me deram pra tomar um suco de limão salgado. Não gostei do gosto e fiquei olhando pro rótulo e o indiano ao meu lado disse: “drink it, it's good!”. É normal eles puxarem conversa e muitas vezes ficam me encarando. Depois do suco salgado e da comida, deram um pacotinho com uns grãos parecido com alpiste, mas com gosto de menta. É bom!

Aeroporto

Cheguei em Hyderabad 4:30, mas já estava imaginando que ninguém estaria me esperando, afinal os indianos já têm fama de impontuais, pior ainda em um domingo de madrugada. Fiquei esperando sentado até umas 5:30, quando chegou um membro da Aiesec pra me buscar. Antes disso, um funcionário do aeroporto se aproximou e puxou conversa:
- Where are you from?
- Brazil.
- Oh, Argentina!
- No, no, I'm from Brazil, which is near to Argentina, but is a different country.
- Hey guys, he is from Argentina!
Avisou para os amigos que eu era argentino, apesar da minha tentativa de explicação. Acabei desistindo, hehehe. Eles são muito simpáticos e estão sempre sorrindo. Ainda conversei um pouco com ele sobre religião, já que eu estava lendo sobre isso naquele momento. Vou aproveitar e colocar aqui um trecho do livro que eu estou lendo, que é um bom resumo sobre a religiosidade e o consumo na Índia:

“O grandre propósito da cultura indiana é o conhecimento. Mas apesar de quase tudo na Índia tratar do tema espiritualidade, pela importância dada as religiões e aos deuses, os avanços da ciência e da tecnologia também fazem parte da vida dos indianos. A Índia tem exportado PHD's na área de software para Estados Unidos e Europa, tornando-se referência internacional. Na pesquisa espacial e biotecnologia, também tem mostrado notáveis avanços. Diante da religiosidade e de uma heranca cultural de cinco milênios, o povo é solidário. Nem mesmo a ocupacão britânica (1820-1947) ou o processo de globalizacão conseguiram mudar hábitos e costumes. Pelo fato de grande parte da população ser vegetariana e não comer carne de vaca porque é sagrada, a agricultura ocupa grandes espaços. Segundo informa o site do Consulado da Índia, “mesmo que muitas pessoas não tenham nem teto, talvez sapato, sempre existe comida fácil e barata, além da disposição de ajudar uns aos outros ser uma prática natural para o indiano”. A diversidade de religiões como o hinduismo (83% da população), o islamismo (11%) e o siquismo (2%), aliada ao trabalho informal, deixa pouco espaco de consumo para 700 milhões de pessoas que ficam de fora do mercado de consumo convencional. Isto considerando que 300 milhões de pessoas compõem a classe média, conforme dados oficiais.”

Flat dos trainees

O Adytia (membro da Aiesec) me levou para um flat onde moram alguns trainees (não é o lugar onde vou ficar). No caminho já deu pra notar a bagunça do trânsito. Ele ia dirigindo o Tata car no meio de uma tempestade sem enxergar quase nada buzinando em todas esquinas e “tocando ficha!”, hehehe, emoção forte quando cruzamos com um caminhão, deu a impressão que íamos bater de frente. O flat estava virado de cabeça pra baixo, eles tinham feito uma festa na noite anterior e tava todo mundo dormindo espelhado pela casa, cheio de garrafas de bebida e lixo pelo chão. O banheiro estava sem condições de uso com um cheiro horrível. Dei graças a deus que eu não ia ficar morando ali. Deitei em um sofá e peguei no sono.

City Tour

Me acordaram 8:30 dizendo que eu ia participar de um City Tour. O que eu mais queria era tomar um banho e dormir, mas fazer o que né, vamos lá! Éramos ao total uns 12, todos novos trainees. Entre os países estão: Mexico, Eslovaquia, Singapura, Noruega, Rep. Checa, Romenia e Franca. Mais mulheres do que homens.
Pegamos um ônibus de turismo e fomos passear pela cidade, visitando templos, monumentos, tumbas, mesquitas, fortes, museus e um zoológico, sempre guiados por um indiano que falava um inglês impossível de entender. De vez em quando, ele contava alguma piada e ficava rindo sozinho, pois ninguém entendia bulhufas, hehehe. O passeio durou o dia inteiro! Se eu fosse contar tudo, seriam várias páginas de texto, então vou descrever só alguns pontos principais:

- Trabalho na rua – durante o percurso, vi vários trabalhadores exercendo suas funções na rua. Na ida, um vendedor de peixes estava sentado no chão cortando os peixes em cima de uma lona direto no asfalto, um cheiro de peixe insuportável. Depois, no caminho para um templo, passamos por uma ruela, tipo um beco de favela, onde vários trabalhadores exerciam suas funções em casinhas precárias, tipo essas de favela mesmo. Um barbeiro estava cortando o cabelo do cliente, que estava sentado no chão.

- Ritual de sacrifício - visitamos um forte, onde estava acontencendo algum tipo de ritual religioso. Durante o percurso, dei de cara com uma poca de sangue no chao. Mais adiante, dois homens segurando uma galinha viva e uma mulher com uma faca na mao. Adivinha o que ela fez... cortou a cabeca da galinha e soltou no chao. Todos os trainees ficaram olhando surpresos aquela galinha sem cabeca correndo e se debatendo no chao. Foi uma coisa bem assustadora pra mim, eu nao sabia que uma galinha podia ficar tanto tempo viva sem cabeca.

- Batucada - na saida do forte, um monte de indianos com tambores fazendo uma batucada muito legal e dancando freneticamente. Atras deles, umas mulheres carregando na cabeca oferendas e velas (acho que era pra oferecer aos deuses).

- Transito - o que falar do transito? Todos que estao na India falaram sobre isso e eu achei que estava preparado, mas isso aqui eh o caos! Muitas vezes fico olhando assustado para o que esta acontecendo, enquanto os indianos agem como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- Pedintes - muitos pedintes, muitos! Eles ficam fazendo sinal de fome com a mao e nao desgrudam. Teve uma crianca que caminhou algumas quadras ao meu lado pedindo dinheiro.

- Almoco - a primeira refeicao foi em um restaurante perto de um templo. So tinhamos uma opcao: Comida vegetariana - 39 rupias (o equivalente a R$ 2,50). Nunca tinha comido algo tao apimentado, chegou a arder a boca. Os trainees que estao a mais tempo na India falaram que estava mais picante do que o normal. Comecei bem!

Satyam Technology Center – STC

Depois do City Tour, fomos definitivamente para o Centro Tecnologico da Satyam, onde devo ficar pelas proximas 5 semanas. Eh um lugar enorme longe da cidade (tem um onibus da Satyam que faz o transporte gratuito) com varios predios de dormitorios, centros de treinamento, piscina, ginastica e etc. O meu apartamento eh muito bom, ate parece um hotel (ver fotos no proximo post). So falta o meu mordomo, hehehe :) Hoje eh segunda e nao temos nada pra fazer ate quarta, entao vou aproveitar pra descansar e conhecer os outros trainees.

No blog do Santiago tem muitas fotos do STC, eh so clicar aqui.

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